(texto publicado no jornal Oeste Noticias)
O Esporte é um fenômeno social de grande valia nas sociedades modernas, haja vista a forte influência que exerce em diversos setores da sociedade, como na saúde, na educação, na geração de renda, e no comportamento dos indivíduos. Este entendimento social do Esporte, em grande parte fruto dos estudos realizados nas áreas das ciências sociais e da educação física humanista, suscitou o aumento da importância e alocação do esporte dentro das políticas de Estado, nas suas esferas municipal, estadual e federal.
Os gestores públicos, percebendo acertadamente que o Esporte pode servir como um meio para melhorar diversos indicadores de qualidade de vida e saúde da população, passaram então a utilizá-lo nas políticas públicas de enfrentamento das vulnerabilidades sociais. Atualmente, é notório o importante papel que o Esporte possui nas políticas públicas voltadas às comunidades em situação de vulnerabilidade e/ou risco social.
Embora o Esporte tenha sua importância elucidada, existe um grande problema na gestão esportiva que precisa ser superado, principalmente quando são considerados os grandes projetos para crianças e jovens carentes. Este problema de primeira ordem se resume na ausência de estudos anteriores à implementação destas políticas esportivas para o levantamento da situação real e das demandas das pessoas que serão atendidas.
Sem estudos que digam, por exemplo, quais os principais motivos para a prática de esportes em jovens que residem no bairro onde o programa esportivo será viabilizado, ou qual é a condição sócio-econômica da família, a escolaridade destes jovens e seus pais ou responsáveis, e até mesmo como estes jovens se percebem em diversos ambientes que freqüentam como a escola, a família e os amigos, os programas esportivos perdem muita eficácia não atendendo a população em suas reais necessidades.
Investem-se muitos recursos em projetos esportivos sem a realização de um estudo que forneça um diagnóstico social ou um relatório para nortear os trabalhos a serem desenvolvidos. Um “tiro no escuro” é dado cada vez que isso ocorre, e o desfecho quase sempre é um baixo impacto social destes projetos, com uma rotatividade grande de crianças e jovens (muitos jovens se engajam na prática esportiva, mas por outro lado muitos jovens desistem da prática), e uma baixa ou nenhuma mudança na qualidade de vida dos jovens e suas famílias.
Desta forma, se faz importante conhecer “a fundo”, com criticidade e bastante lucidez, as fragilidades dos jovens com relação a auto-estima e a maneira como se percebem na sociedade, e é igualmente importante conhecer quais os principais motivos que levam estes jovens a praticarem o esporte. De posse destes e de muitos outros indicadores da situação destas pessoas, é possivel aumentar a motivação, e melhorar a imagem que eles têm deles próprios, dando a oportunidade para que estas pessoas estabeleçam metas e expectativas mais positivas para seu futuro, utilizando para tanto o esporte como instrumento de cidadania.
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