terça-feira, 28 de julho de 2009

Politização

Politização é uma matéria importantíssima para o fortalecimento dos movimentos por direitos humanos e de promoção da igualdade racial, dentre os quais o movimento negro.

Muito se discute sobre estratégias de mobilização da população negra, em especial da juventude negra, ao redor da luta anti-racista. A politização da juventude é um aspecto importante para a tomada de consciência negra e pertencimento racial, e, na seqüência, para o engajamento em movimentos por direitos humanos participando de reuniões de formação ideológica, política, fóruns, atividades culturais, pesquisas, atos públicos, e outras atividades que visem a superação do racismo e preconceitos diversos.



O problema é quando se confunde politização, ou discussão política, com partidarização ou discussão político-partidária. O jargão é forte no sentido que as pessoas, quando discutindo políticamente, predominantemente discutem sobre siglas partidárias e seus seguidores. Não se discute, em política, sobre a deformação na qual nós homens negros estamos acometidos por conta do racismo e do machismo, ou sobre a atuação e a condição das mulheres negras dentro do movimento negro.


Não se discute, em formação política, sobre o problema que nós negras e negros enfrentamos no seio familiar, o problema do alcoolismo nessas familias, das drogas, da falta ou dificuldade em "gestar o Amor"; tudo isso creio eu, impacto da ideologia racista na qual estamos mergulhados até o fio de cabelo.



Temos que avançar no sentido de trabalhar na reconstrução dos nossos valores, da nossa personalidade, nos avaliando constantemente, reconfigurando a deformação provocada pelo racismo e machismo, principalmente nós homens negros. Desta forma poderemos pensar em politizar de fato.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Juventude Negra de Londrina – caminhando para a politização

Texto enviado ao Jornal Cincão Noticias – Londrina.

Em Londrina, atualmente, existem algumas entidades e grupos de juventude que lutam por direitos humanos, principalmente contra o racismo, sexismo, e intolerâncias correlatas. Dois destes grupos que estão se estruturando e são o COJUNE – Coletivo da Juventude Negra de Londrina e o UJAL – União da Juventude Afro de Londrina.

A população precisa se organizar para pensar a sociedade que se quer construir. Vivemos um momento de grandes debates e preocupações acerca da onde de violência que assola a sociedade como um todo, violência que antes era restrita aos bairos periféricos e que agora atingem os bairros mais elitizados. Enquanto a violência era um assunto que envolvia bairros periféricos, que predominância de moradores pobres e negros, não havia muita preocupação por parte dos gestores públicos. Quando esta violência se ampliou atingindo ricos e pobres, graças às profundas desigualdades sociais principalmente quando é analisada a situação da população negra e das mulheres, despertou grande preocupação por parte do governo federal, estadual e municipal. Desde então vêm ocorrendo conferências de segurança pública organizadas por órgãos governamentais, vêm sendo criadas leis para tentar conter a violência urbana, e outras ações no sentido de coibir a onda de crimes e violência que hoje atinge a sociedade como um todo.

O grande problema é que, como sempre acontece, a população não foi consultada. Nesses processos políticos, a sociedade cívil pouco tem participado para auxiliar na formulação de políticas para a promoção de uma sociedade mais justa e menos desigual. Desta maneira, nós da juventude negra entendemos que para que haja uma efetiva mudança na realidade da nossa sociedade, a população deve participar dos processos políticos, como as conferências que vêm sendo realizadas (conferências livres de Segurança Pública, de Promoção da Igualdade Racial, de Comunicação, de Saúde, etc..), pois é a população, principalmente os moradores das regiões periféricas, que tem conhecimento de causa sobre a violência urbana e as desigualdades sociais, e sabem quais os problemas pontuais que devem ser superados para que construamos, de fato, uma sociedade mais humana.

Estamos nos organizando, COJUNE e UJAL, para que possamos através da militância por direitos humanos lutar contra o racismo, contra a reprodução de intolerâncias, e contra as desigualdades sociais, através de ações como reuniões, organizações de eventos de debates, articulações com outros movimentos sociais e grupos culturais. Convidamos a todas e todos para juntarem-se a nós. Para tanto, devem entrar em contato conosco pelo e-mail: nettosilverio@yahoo.com.br ou pelo telefone (43) 842619030.