sexta-feira, 21 de maio de 2010

Esporte Juvenil e Sociedade


* Por José Evaristo Silvério Netto
(texto postado no jornal Oeste Noticias - 28 de março de 2010)


O ‘esporte juvenil’ vem sendo cada vez mais objeto de discussão na área da Educação Física dado o seu crescimento em importância no campo da saúde coletiva, sendo um dos fenômenos socioculturais contemporâneos mais importântes nas sociedades modernas.

Aproximadamente a partir da década de 1970, vários estudiosos de áreas do conhecimento como as Ciências Sociais, Educação Física, Medicina e outras, começaram a elucidar os benefícios biopisicossocio-culturais advindos da prática esportiva. O esporte, a partir destes estudos, passou a ser visto como um elemento importante da cultura e como um instrumento fundamental para o desenvolvimento adequado da saúde e do bem-estar coletivo.

Isso se deu devido às características do momento histórico (décadas de 1970 e 1980), onde profundas mudanças no estilo de vida das pessoas levaram os profissionais da área a se preocuparem com os comportamentos de risco à saúde que cada vez mais eram assumidos pela sociedade, e pelos jovens de modo particular, e que até então eram entendidos como elementos indissociáveis da ‘modernidade’. Desta maneira, a prática insuficiente de atividade física por grande parte da população, atrelada a outros comportamentos de risco à saúde como a dieta hipercalórica de baixo valor nutricional, o consumo de tabaco, álcool e outras drogas lícitas, e o aumento do consumo de drogas ilícitas, foram e vêm sendo alvos de muitos estudos.

No bojo desta problemática engendrada pelos avanços tecnológicos e mudanças no estilo de vida atribuidas às características da modernidade como a competitividade, o esporte juvenil apareceu como uma alternativa interessante. As crianças e jovens, por conta das exigências sociais, são cada vez mais cobrados em relação ao desempenho escolar, ao ingresso no ensino superior, e a inserção profissional, além de outras cobranças advindas dos seus pares, e quando práticam esporte são absorvidos por esta atividade, de modo que no momento da prática eles não se encontram sob a pressão, as expectativas e ansiedades da vida cotidiana.

O esporte possue um grande valor terapêutico para as crianças e jovens porque faz com que estes, pelo menos durante a prática, transfiram a atenção para fora de sí se preocupando somente com a prática esportiva, e não com os problemas ou tarefas inerentes do cotidiano. Um jovem que prática atletismo, por exemplo, durante a prática se concentra nos gestos motores, na aplicação de força, e em focar sua atenção no desempenho atlético, e toda esta gama de atividades cognitivas e motoras geralmente são saudáveis do ponto de vista psicológico, além de promover grande satisfação emocional.

Mas talvez o maior benefício proporcionado pelo esporte é a influência que este gera no comportamento humano, beneficiando o fortalecimento de um estílo de vida saudável não apenas pelo aumento da atividade física, mas também pela interferência positiva em outros aspectos da vida. Isso ocorre porque, para que um jovem obtenha bons rendimentos em qualquer modalidade esportiva, principalmente àquelas onde o gasto energético é alto, é fundamental que se este jovem tenha uma dieta balanceada e de alto valor nutricional, adequadas horas de sono, além de não consumir qualquer substância que venha a desfavorecer a boa saúde. Esta disciplina comportamental, quando incorporada no cotidiano do jovem, é transferida para outros ambientes senão o esportivo, fazendo com que este jovem não assuma os comportamentos de risco à saúde acima descritos.

A Educação Física escolar, e a intervenção dos educadores físicos em outros ambientes (bachareis), possuem este importante papel social. A utilização adequada do esporte como instrumento de educação para a saúde, realizada majoritariamente pelo educadores físicos, possibilita a adoção de hábitos saudáveis em vários aspectos da vida e em todos os ambientes sociais e, atualmente se mostra como um aliado de primeira órdem para o avanço social rumo à uma ‘modernidade’ mais saudável.


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